GEOPARQUE
FERNANDO DE NORONHA (PE)


WILDNER, Wilson

FERREIRA, Rogério Valença

Resumo: O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) realizou através do Projeto Geoparques estudo técnico para embasar proposta de criação de um geoparque no arquipélago Fernando de Noronha, reconhecendo sua importância para o geoturismo, geoconservação, fins educativos e pesquisas científicas. O arquipélago de Fernando de Noronha, distrito do Estado de Pernambuco, localiza-se no Oceano Atlântico Equatorial Sul, a 545 km do Recife, ocupando uma superfície de 26 km2 . Geologicamente, as 21 ilhas e ilhotas que formam o arquipélago representam o topo emerso de uma cadeia de montanhas, estruturada numa zona de fratura E-W do assoalho oceânico e formada por rochas vulcânicas e subvulcânicas essencialmente alcalinas subsaturadas, produto de dois episódios vulcânicos distintos. O primeiro episódio, retratado pela Formação Remédios do Mioceno Superior é representado por depósitos piroclásticos na base, recortados por intrusões na forma de necks, plugs, domos e diques de rochas alcalinas subsaturadas. As rochas intrusivas variam entre composições básico-ultrabásicas (lamprófiros, tefritos, basanitos e basaltos alcalinos) a intermediárias (traquitos e fonolitos). O segundo episódio, representado pela Formação Quixaba, do Plioceno Superior ao início de Pleistoceno (1,7 Ma= base do Pleistoceno), constitui um empilhamento de derrames de lava melanocrática ankaratrítica, depósitos piroclásticos subordinados e alguns diques de nefelinito. Um derrame de basanito de ocorrência restrita é representado pela Formação São José, de idade controvertida. No período pós-vulcanismo, seguiu-se durante o Quaternário um ciclo erosivo que destruiu parte dos aparelhos vulcânicos e cobriu a plataforma insular de depósitos de areias e cascalhos de praia. Durante esse período formaram-se recifes de algas calcárias, cuja erosão deu origem aos calcarenitos da Formação Caracas. O proposto Geoparque coincide integralmente com o território do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e da adjacente Área de Proteção Ambiental (APA), zona de amortização do parque. A administração de ambos é competência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Neste contexto, foi feito um levantamento, diagnóstico e inventário de vinte e seis geossítios, cujo detalhamento geológico, através de trabalho de campo, permitiu alimentar a base de dados Cadastro e Avaliação de Geossítios (GEOSSIT) do Serviço Geológico do Brasil. A área proposta apresenta aspectos geológicos, geomorfológicos e geoturísticos importantes, com destaque para a excepcional beleza da paisagem, que associados a outros atributos também verificados na área, justificam a criação de um Geoparque nos moldes preconizados pela Rede Global de Geoparques sob os auspícios da UNESCO.

Retirada e disponível em: https://rigeo.cprm.gov.br/handle/doc/17159