A ilha fluvial do Fogo está inserida no Rio São Francisco, entre municípios de Petrolina e Juazeiro, ligados pela ponte histórica Presidente Dutra. Foi escolhida para estar neste site devido sua proximidade com Petrolina e a relação histórica de seus moradores, que seguem um fluxo de “vai e vem” entre as duas cidades.
Do ponto de vista geológico, a ilha é composta por rochas do embasamento cristalino pertencentes ao complexo Sobradinho-Remanso. Entretanto, a geologia da ilha se diferencia das demais ilhas fluviais dos arredores, em virtude de afloramentos rochosos, que tem a ocorrência de fósforo e cianita (LOUREIRO E MACEDO, 2019). Nestes afloramentos foram desenvolvidos estudos sobre os depósitos fosforíticos desde os fins da década de 70 e início de 80, com os geólogos da missão alemã Aust e Schmitz (Oliveira, 2016). Tais ocorrências conferem a ilha um diferencial, principalmente no quesito relevância científica, do ponto de vista geológico e inclusive econômico.
Santos et al. (2021), realizaram estudos em algumas ilhas fluviais como Massangano, Rodeadouro e a ilha do Fogo, ao longo do submédio do Rio São Francisco, entre os municípios de Petrolina/PE e Juazeiro/BA. Durante as visitas de campo à ilha do fogo foram utilizadas fichas de campo para a coleta de dados do inventário (SANTOS, 2016), com objetivo de destacar pontos com potencial geológico/científico (PG) e potencial para uso e gestão (PU).
Após o trabalho de pesquisa concluiu-se que, ao se tratar do seu Potencial Geológico/científico o grau de raridade do sítio é alto, dada as especificidades encontradas. Foram considerados os aspectos geomorfológicos, com afloramento de destaque na paisagem, onde está inserido um cruzeiro. Para tanto, considerou-se ainda a especificidade da ilha, em estar em posição limítrofe, entre duas cidades importantes regionalmente.
A visibilidade do sítio foi classificada como alta. Apresentou a diversidade de elementos da geodiversidade alta, podendo ser abordados mais de quatro temáticas de interesse no local. A integridade do local foi classificada como média, pois foram identificados pontos de vulnerabilidade e intervenção antrópica frequente. A fragilidade foi considerada como moderada e a coleta de amostra é possível sem muita dificuldade. Com relação ao Potencial Uso e Gestão do sítio, destaca-se: (i) fácil acessibilidade; (ii) infraestrutura regular; (iii) uso turístico; (iv) presença do público leigo em relação às geociências; (v) os indicadores de degradação do local são classificados como reversíveis, apesar da ausência de sua conservação efetiva.
A ilha é sem dúvidas um destino de lazer de muitos moradores entre Petrolina/PE e Juazeiro/BA, e mesmo sem infraestrutura e estratégias de conservação efetivas, são desenvolvidas diversas atividades de esporte, lazer e recreação, que vão do banho de rio, a natação em águas abertas, partidas de frescobol, passeios de caiaque nos arredores da ilha, entre outros.
Disponível em: Artigo: POTENCIAL GEOTURÍSTICO DAS ILHAS FLUVIAIS DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO. Estudos Geológicos vol. 31(2) 2021. https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos